Retórica e ideologia (entrada em construção)
Quando falamos - i.e., emitimos um discurso - o que dizemos pode ser aproximado tal como fazemos a um texto literário: o que o autor julga dizer, o que quer dizer e o que, mesmo sem o autor saber que o diz, o texto diz.
Todos nós fazemos isso e, no geral, não tem problema de maior.
Um exemplo: se alguém escrever: «Eu checrevo munto bem, purque estudei», há duas leituras: a que escuta o que a pessoa diz pelo 'conteúdo' (eu escrevo bem) e a que apercebe o que o texto também diz, pela 'forma': eu não sei escrever.
Se, com um casaco cheio de nódoas e o cabelo em desalinho, eu reclamar que sou uma pessoa muito limpa e organizada, em quem vão acreditar? No que eu digo ou no que dizem casaco e cabelo?
Outro exemplo é o já clássico, que felizmente virou piada: «Eu não sou racista mas...» Aqui podemos mesmo dividir o texto em duas partes, A e B. O «mas» geralmente é o gato com rabo de fora que põe em causa a afirmação com que a frase abre.
Por ideologia entenda-se uma constelação de valores. Por retórica entenda-se o modo como o texto se organiza.
Num sentido mais restrito, a ideologia é partidária, tal como a política é uma coisa «dos políticos» ou a retórica a arte de bem persuadir levada à excelência pelos Jesuítas.
No sentido que nos interessa, todos os textos se organizam retoricamente. (cf. Eco, Umberto, 1977)
Tomemos o caso de um bêbedo de caricatura, bruto e com poucos estudos. Perguntemos-lhe o que é uma metáfora ou uma metonímia. Não sabe, a maior parte das pessoas não sabe, tal como nem grande parte dos alunos de literatura ou linguística sabem o que é um zeugma ou uma hipálage. Uma coisa, no entanto, é não saber definir, ou nem sequer o que é, outra muito diferente é não recorrer a esse arsenal à disposição de qualquer falante. E basta que esse hipotético bêbedo se zangue connosco para remoer: «Eu parto-te os cornos, meu ganda boi.»
O que, reconheçamos, é um bom uso da metáfora e da metonímia.
Aqui, um caso real com um político brasileiro, o sr. Bolsonaro.
Todos nós fazemos isso e, no geral, não tem problema de maior.
Um exemplo: se alguém escrever: «Eu checrevo munto bem, purque estudei», há duas leituras: a que escuta o que a pessoa diz pelo 'conteúdo' (eu escrevo bem) e a que apercebe o que o texto também diz, pela 'forma': eu não sei escrever.
Se, com um casaco cheio de nódoas e o cabelo em desalinho, eu reclamar que sou uma pessoa muito limpa e organizada, em quem vão acreditar? No que eu digo ou no que dizem casaco e cabelo?
Outro exemplo é o já clássico, que felizmente virou piada: «Eu não sou racista mas...» Aqui podemos mesmo dividir o texto em duas partes, A e B. O «mas» geralmente é o gato com rabo de fora que põe em causa a afirmação com que a frase abre.
Por ideologia entenda-se uma constelação de valores. Por retórica entenda-se o modo como o texto se organiza.
Num sentido mais restrito, a ideologia é partidária, tal como a política é uma coisa «dos políticos» ou a retórica a arte de bem persuadir levada à excelência pelos Jesuítas.
No sentido que nos interessa, todos os textos se organizam retoricamente. (cf. Eco, Umberto, 1977)
Tomemos o caso de um bêbedo de caricatura, bruto e com poucos estudos. Perguntemos-lhe o que é uma metáfora ou uma metonímia. Não sabe, a maior parte das pessoas não sabe, tal como nem grande parte dos alunos de literatura ou linguística sabem o que é um zeugma ou uma hipálage. Uma coisa, no entanto, é não saber definir, ou nem sequer o que é, outra muito diferente é não recorrer a esse arsenal à disposição de qualquer falante. E basta que esse hipotético bêbedo se zangue connosco para remoer: «Eu parto-te os cornos, meu ganda boi.»
O que, reconheçamos, é um bom uso da metáfora e da metonímia.
Aqui, um caso real com um político brasileiro, o sr. Bolsonaro.
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