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A mostrar mensagens de novembro, 2018

Amanhã não há aula - e balanço da dos Felizes da Fé

Amanhã não haverá aula. A compensar em Janeiro, conforme acordado. Segunda 3, masterclass sobre Ficção científica com a Prof. Rosário Monteiro. Quarta 5, aula normal, com o docente da cadeira. O documentário de ontem, como terão percebido, corresponde ao que em inglês se chama 'mockumentary' (de to mock, fazer troça) e documentário). No entanto, todos os episódios lúdico-teatrais são reais e o documentário é sério: só que o grupo que aborda é provocatório e humorístico, assim o documentário exagera o tom sério (adoro a voz do narrador) e torna-se ele mesmo uma espécie de performance dos Felizes da Fé. O grupo insere-se numa tradição milenar: a das provocações de Diógenes na ágora (praça pública), considerado por Alberto Pimenta talvez o primeiro performer. Ou autor de happenings... Qual a diferença? O filme explica, creio, uma definição de possível, de entre muitas: na performance o público sabe que está a assistir a uma performance (e por isso tende a ser em espa...

Próximas aulas - o esquema

2ª 26/11 - Apresentação do documentário 'Geração Feliz' de Leonor Areal. Com o prof. António Gomes. 4ª 28 - não há aula. A compensar em janeiro. 2ª 3/12: Poesia com o Doutor Ricardo Marques. 4ª 5 - Há aula com o professor. 2ª 10 - FC com a prof. Rosário Monteiro. 4ª 12 - Frequência. Na aula de hoje:  Uma batalha de rap: aqui . Referências: Bourdieu, Camus ( Os Justos ), Italo Calvino ( O castelo dos destinos cruzados ), Sartre, Sófocles, Shakespeare. Camões: Os Lusíadas como mito fundador. O que têm em comum o Bambi, o Dumbo, Édipo-Rei, a Alice? Textos que viram histórias que reproduzimos de cor e nos tocam. E alguns nem precisamos de ler - temos as variantes orais e fílmicas.

O século do mix e do multimédia

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Sou fã de Buster Keaton. Neste pequeno filme sobre a gramática do humor nos seus filmes, é sublinhado o lado visual, os gags dele eram visuais. Mas podemos aprender muito, por analogia - até porque a lógica é semelhante, e podemos até estabelecer a ponte com textos bem mais maliciosos como Uma modesta proposta de Swift. Woody Allen, um cómico muito mais verbal, foi influenciado por Buster Keaton mais de uma vez, e de modo flagrante em A rosa púrpura do Cairo (1985), onde reproduz o jogo de realidades ecrã/plateia de  Sherlock Jr. (1924). E numa entrevista em 1977, Stan Lee diz que o Homem-Aranha podia ser interpretado por Woody Allen. Ou (acrescento eu) por Buster Keaton. 

Um exercício de leitura

«E quem é esta mulher que comigo veste de observada a floresta alheia?» Consegue entender o que está Bernardo Soares a dizer? Aqui o trecho inteiro do Livro do Desassossego . 

Ernesto Melo e Castro

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Último soneto:

Estranhos suportes

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Um poema pintado na parede é menos poema do que no papel? 

Duas histórias bonitas

1. Não li, mas já gostei. Aqui . Uma história muito engraçada, para quem tiver curiosidade, é o Auto da Compadecida , de Ariano Suassuna. Uma amostra (está inteiro online) aqui . 2. Também no nordeste brasileiro vem esta notícia de uma família que (ver última aula) transmitiu memória.

Dada, Cabaret Voltare e outros filmes

1. Dada 1.1.   Ursonate  de Kurt Shwitters. A sonata dos sons primeiros - ou primários ou primitivos. 1.2. Dada e o Cabaret Voltaire.  Aqui . 1.3. E aqui: If anyone is interested, I think that the original documentary film, from which this is an excerpt, is called 'Dada', directed by Greta Deses and originally produced in 1969. The link below should enable you to access a copy of the film from a source near you. I am fairly sure this is the film that I used. http://www.worldcat.org/title/dada/oclc/610041475  2. O poema-processo 2.1. Fernando Aguiar homenageia Álvaro de Sá (1'43-3'20) 2.2. Moacy Cirne interpretado por -  um filminho . 2.3.  Poesia e política : combater o poder. Combater que poder? 3. Animação. 3.1. O Monge e o Peixe , de Michael de Wit. 3.2 . Pai e Filha , de Michael De Wit.

Brinquedos - Roland Barthes

“ O adulto francês considera a criança como um outro eu; nada o prova melhor do que o brinquedo francês. Os brinquedos vulgares são assim, essencialmente, um microcosmo adulto; são reproduções em miniatura de objectos humanos, como se, para o público, a criança fosse apenas um homem pequeno, um homúnculo a quem só se pode dar objectos proporcionais ao seu tamanho. As formas inventadas são muito raras; apenas algumas construções, baseadas na habilidade manual, propõem formas dinâmicas. Quanto ao restante, o brinquedo francês significa sempre alguma coisa, e esse alguma coisa é sempre inteiramente socializado, constituído pelos mitos ou pelas técnicas da vida moderna adulta: o Exército, a Rádio, o Correio, a Medicina (estojo miniatura de instrumentos médicos, sala de operação para bonecas), a Escola, o Penteado Artístico (secadores, bobes), a Aviação (pára-quedistas), os Transportes (trens, citroens, lambretas, vespas, postos de gasolina), a Ciência (brinquedos marcianos). O fato ...

Que mil lapsos floresçam

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Aula de 12/11: Escrita de canções, crónica, BD

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«Tower of song» de Leonard Cohen aqui . «Hay un hombre en España (que lo hace todo)» dos Astrud aqui . Mudanças de paradigma: a Festa dos Rapazes em Trás-os-Montes, o Euro 16, a Eurovisão 2017, Madonna em Lisboa. «Goscinny? É você que desenha o Astérix?» «Não, eu sou o outro...» A BD: menos que pintura e literatura? Ou, por vezes, pode ser mais? A crónica que quebra as regras da crónica: +circunstância, +actualidade, +política, +socialite, -ficção, -poesia embora mantenha outros traços, como a brevidade, o local de publicação primeira (jornais e revistas). Druillet é um virtuoso visual - os seus álbuns valem por isso. História e palavras são só pretexto. Mas outros textos há onde é o contrário. E a discussão em torno da BD e dos super-heróis? O youtube está cheio delas, e muitas bem interessantes. Vejam esta sobre o Joker.  

Retórica e ideologia - um par de casos

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Um escândalo: Nesta foto há muitos escritores: E aqui o presidente croata com a esposa:  Este corredor à chegada a Lisboa, o primeiro cartac de visita do metropolitano(2012), pretende ser montra do Portugal com Grande Passado mas virado para o Futuro:  Comentário:  a "ideologia de género" O problema da ideologia de género é que quando é mesmo ideologia não se chama assim: chama-se "semprefoiassim".  E como semprefoiassim muita gente não nota. Acha natural – tão natural como a estupidez natural.. Uma modesta proposta: em vez de chamar a isto 'terrorismo'...

Textos que complicam: ainda Alberto Pimenta

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Canções escritas

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Bob Dylan ganhou o prémio Nobel em 2016, o maior legitimador desde há um século da literatura a entrar no cânone mundial. (Muito embora haja bastantes premiados esquecidos e haja línguas nitidamente privilegiadas por uma simples razão: são as línguas que os membros da Academia Sueca sabem ler.) Ao receber o Nobel pelas letras das suas canções, Dylan de certo modo esvaziou esta entrada da disciplina: a escrita de canções pode ser uma variante da literatura?  A resposta está dada pelo Grande Legitimador. (Ainda assim, reparo que nalgumas coisas Dylan é «centrão»: norte-americano, branco, cantando em inglês. O número de mulheres ou não-caucasianos recipientes do prémio é escasso. E a qualidade de um Pamuk, turco, um García Marquez, colombiano, um Imre Kertész, húngaro, um Saramago, português, estará talvez noutro nível que muitos premiados mais ou menos recentes - embora obviamente o critério seja discutível, porque o gosto é inefável. FMI    (1979) é um texto de José M...

Alberto Pimenta

Podem encontrar aqui alguns textos do autor. Nomeadamente as variações da sua Metástase I: a permutação, verso por verso, de um soneto de Camões num seu. Transforma-se o amador na cousa amada,  Por virtude do muito imaginar;  Não tenho logo mais que desejar,  Pois em mim tenho a parte desejada.  Se nela está minha alma transformada,  Que mais deseja o corpo de alcançar?  Em si somente pode descansar,  Pois com ele tal alma está liada.  Mas esta linda e pura semideia,  Que como o acidente em seu sujeito,  Assim co'a alma minha se conforma,  Está no pensamento como ideia;  E o vivo e puro amor de que sou feito,  Como a matéria simples busca a forma. 

O gerador de poesia adolescente

Pode uma máquina combinatória fazer poesia? Parece que sim. Aqui um gerador de poemas. E uma história? Podemos ter uma máquina de fazer histórias? Vejamos, por exemplo, aqui.

O gosto dos outros

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A VOZ DA RAZÃO CRÍTICA Poucas pessoas sabem reconhecer a qualidade – eu sei. Durante anos fiz crítica literária e, em nome do rigor c ientífico, cumpri sempre à risca um preceito: nunca ler os livros sobre os quais escrevia, para não ser influenciado na justeza da minha avaliação. Depois percebi, com algum horror, que mesmo isso era insuficiente: ao falar só de livros sobre os quais tinha ouvido falar, não estaria já a ser subjectivo? Ainda assim, o meu método ficou famoso e é não desguarnecido de orgulho que hoje tenho muitos discípulos, espalhados pelos mais prestigiados fazedores de opinião: Expresso, Público, JL (sobretudo o JL), revista Ler, revista do Círculo de Leitores, boletim da SPA, Colóquio-Letras. Enfim o meu trabalho é reconhecido e a Gulbenkian (uma espécie de Serralves, só que com menos nus) convidou-me para, assistido por Maria Do Rosário Pedreira e Aurélio Gomes, informar o País dos dez livros dez que merecem perfazer o Cânone destes primeiros 17-18 anos do...