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A mostrar mensagens de outubro, 2018

A crónica - TPC: ler

«Os meus domingos» Aos domingos a seguir ao almoço visto o fato de treino roxo e verde e os sapatos   de ténis azuis, a Fernanda veste o fato de treino roxo e verde e os sapatos de   salto alto do casamento, subo o fecho éclair até ao pescoço e ponho o fio de ouro   com a medalha por fora, a Fernanda sobe o fecho éclair até ao pescoço e põe os   dois fios de ouro com a medalha e o colar da madrinha por fora, tiramos o   Roberto Carlos do berço, metemos-lhe o laço de cetim branco na cabeça, saímos   de Alverca, apanhamos os meus sogros em Santa Iria de Azóia e passamos o   domingo no Centro Comercial. A Fernanda senta-se atrás no Seat Ibiza, com o menino e a Dona Cinda, o senhor   Borges ocupa o lugar ao meu lado, de Record no sovaco, fato completo, gravata   de flores prateadas e chapéu tirolês, ajuda-me no estacionamento das Amoreiras   a tirar o carrinho da mala e todos os automóveis do parque são Seat Ibiza, todos têm mant...

Ursula K. Le Guin, grande escritora de FC

Homenagem e debate, na nossa faculdade, dia 7 de novembro. Aqui .

Pessoas reais

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Richard Gottfried, cidadão. «Embora divididos pela religião – Peg é católica – o casal praticava caridade com organizações de ambas as fés. Também eram voluntários em clínicas dentárias gratuitas para quem tinha parcos meios.»

BD na idade adulta: Watchmen, Dark Knight Returns, Maus

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Os Watchmen são, junto com Maus e The Dark Knight Returns , os livros da idade adulta da BD  mainstream  anglo-americana. Noutras bandas – Argentina, Japão, Europa – já havia aquele tipo de trabalho. Não nos Estados Unidos. Nos anos 60 e 70 deu-se o apogeu do  underground , com Robert Crumb e outros, mas são estes três livros que modificam os Comics  mainstream  nos Estados Unidos. Que Alan Moore seja inglês pode ou não ser um pormenor – o facto é que é alguém que partilha a língua e, nos comics, consome desde jovem a BD americana; é também excepcionalmente culto e lido. Narrativa pós-moderna: estilo faux classique no desenho de Gibson, meta-narrativa de super-heróis, a um só tempo crítica e re-criação. Todos são um pouco menos e um pouco mais que os super conhecidos. Nightowl é um pouco menos que Batman – menos masculino, mais frágil, mais gordo, mais neurótico, mais judeu – com a sua fragilidade e hesitação aproxima-se do Homem-Aranha (Até então o ún...

Ironia, Kitsch, camp

O humor como instrumento de descontrução do vácuo em textos/discursos alheios. O ensaio de Jonathan Swift, obra-oprima do humor negro, lido parcialmente em aula, pode ser continuado  aqui . Jean Carreira.  Aqui . Springtime for Hitler. Aqui.   Ena Pá 2000, Drógado.  Aqui . Manuel João Vieira, «Ser fascista» - verdade ou mentira?

Mais um exemplo de como o futuro, nalguns lugares, já está cá

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E é de novo o Japão .

Entende a piada?

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Se sim, explique porquê. Se não, tente perceber qual é.

O inato e o adquirido

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Parecem o mesmo, não são o mesmo. Coisas há que parecem naturais (de tão naturais que parecem) mas não são. E por vezes é difícil distinguir. Há só uma diferença: o adquirido pode ser mudado. Comportamentos adquiridos, por muito doloroso e difícil que seja, podem ser mudados. Tomemos o bocejo: bocejar é inato (um bebé de dias boceja), pôr a mão automaticamente à frente é adquirido. Aprende-se mais tarde - ou não. Mas estes pequenos pormenores pode virar  pormaiores . O próprio nem repara - um pouco como quem ressona não reparar que ressona, porque quando ressona está a dormir. Todos os dias nos cruzamos com pequenos comportamentos agressivos, pouco cívicos, desagradáveis. As pessoas no autocarro que ficam à porta de entrada; as que no metro não deixam sair e barram a porta da entrada. (Serão carteiristas? Espero que não, porque senão Lisboa está mesmo cheia de carteiristas, em vez de «cheia de carteiristas» ser apenas uma expressão, uma hiperbolização de um «filingue».) As pess...

Cartoon colonial: os exercícios

Quais os vossos três favoritos? Porquê? 1.        Sara: – En garde , índio selvagem!   – Selvagem? Não sou eu que estou armado. – Para trás, índio selvagem, eu estou armado. – Pois estás, armado em parvo. 2.        Carmen: – Você, horrível selvagem, espero que esteja preparado para eu lhe ensinar (às maneiras europeias) como é que se vive civilizadamente .   – Mas nós não precisamos de uma civilização, já temos as nossas. 3.        Margarida: – Ah, índio. Por sua excelentíssima majestade El-Rei, venho tomar este território e aniquiliar os teus iguais. – Ó amigo, que vens pela majestade qualquer coisa. Desculpa lá, mas eu não consigo levar-te a sério com essas calças e esse chapéu. 4.        Madalina: – Tudo aquilo que é diferente de nós deve ser exterminado! – Diferente também é você, e não lhe o estou a ameaçar. 5...

O jogo combinatório em James Bond

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O artigo de Umberto Eco - excelente modelo operatório - de Umberto Eco. Existe em português, mas encontram em inglês aqui . Q: Qual a ideologia de James Bond? Q: Como são representados os vilões? Q: Como são representados os heróis? Q: Qual o papel da mulher nos seus livros/filmes? Q: Nos filmes que, depois da morte do autor dos livros, prolongam século XXI adentro as aventuras de James Bond, há alterações em relação ao modelo minimal repetitivo que Umberto Eco (1965) identifica nos livros até então publicados? Q: Ian Fleming é «fascista»?

Um depoimento: «Quando me casei»

E como era a juventude em Lisboa nos anos 70? Era divertida ou o ambiente era bafiento como o regime? Era bafientíssimo. Quando me casei, os meus poderes sobre a minha mulher eram extraordinários. A gente ria-se disso, claro. Não levávamos isso a sério. Ela não podia viajar sem a minha assinatura e se ela fugisse de casa eu podia dizer à polícia para a prenderem e ma entregarem. Era uma figura jurídica chamada "devolução do corpo". Era uma coisa horrível. Quando eu cheguei à juventude já havia pouca gente que fosse fervorosamente salazarista, aquilo já durava há muito tempo, já tinha havido a II Guerra Mundial, o grande desenvolvimento económico dos anos 50 que foi uma coisa extraordinária, mas não mudou o regime e depois foi canalizado para o esforço de guerra. Sabíamos o que se passava em Paris, muito vagamente. Mas sabíamos que existia a Brigitte Bardot e havia filmes do [Roger] Vadim. Passavam aqui alguns.  [Entrevista a Vasco Pulido Valente, Público 20/10/18

A Originalidade da Literatura Portuguesa

Um livro de Jacinto Prado Coelho (1977) disponibilizado em PDF aqui.  A quem interessar. É breve (ou não integrasse a Colecção Biblioteca Breve) e útil para quem se interessar. Ou encontrar no google com a entrada:  'jacinto prado coelho originalidade da cultura portuguesa'

Retórica e ideologia (entrada em construção)

Quando falamos - i.e., emitimos um discurso - o que dizemos pode ser aproximado tal como fazemos a um texto literário: o que o autor julga dizer, o que quer dizer e o que, mesmo sem o autor saber que o diz, o texto diz . Todos nós fazemos isso e, no geral, não tem problema de maior. Um exemplo: se alguém escrever: «Eu checrevo munto bem, purque estudei», há duas leituras: a que escuta o que a pessoa diz pelo 'conteúdo' (eu escrevo bem) e a que apercebe o que o texto também diz, pela 'forma': eu não sei escrever. Se, com um casaco cheio de nódoas e o cabelo em desalinho, eu reclamar que sou uma pessoa muito limpa e organizada, em quem vão acreditar? No que eu digo ou no que dizem casaco e cabelo? Outro exemplo é o já clássico, que felizmente virou piada: «Eu não sou racista mas...» Aqui podemos mesmo dividir o texto em duas partes, A e B. O «mas» geralmente é o gato com rabo de fora que põe em causa a afirmação com que a frase abre. Por ideologia entenda-se um...

Ficção científica

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1.  Do que fala a ficção científica?   1.1.Do futuro tecnológico, de outros planetas, de viagens no tempo e no espaço, de mutações humanas e meta-humanas, de robôs e andróides, de vida alienígena, de monstros devoradores e seres superiores, de telepatas e mentecaptas, de ameaças de guerra e promessas de paz? 1.2. Por onde anda o futuro? 1.3. Casos. 1.3.1. A: abertura de Valerian , filme de Luc Besson de 2017. Aqui . 1.3.2.. Futuro orgulhoso do passado: o metro do aeroporto, inaugurado em 2012 (século XXI) Figuras de visita, séc. XVIII (arte joanina) Figuras de visita. Aeroporto de Lisboa, primeiro corredor para quem sai do terminal  Star Trek , 1996 Star Trek , 1987 Space 1999 , 1975 1.4. Exercício: faça uma lista de livros ou filmes de FC de que gosta. Tente encontrar um padrão. 1.5. Anedotas de leão: era uma vez um caçador, um leão, um italiano e um alemão. E, ah, Deus. 2. Quando a literatura e o cinema se encontram:...

Forum fantástico

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Aqui o programa do Forum Fantástico 2018. Aqui a morada da Biblioteca Orlando Ribeiro. Metro Telheiras.

O que é uma minoria?

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1. A minoria invisível Este ano, o maior festival literário português teve como convidado o primeiro escritor índigena brasileiro, ao fim de 19 anos.  A palavra diz quem eu sou?  Daniel Munduruku. E  aqui  sobre a 'literatura indígena'  Uma Ficção Científica 'Native-American' 2. A minoria étnica Black lives matter? Ou 'All lives matter'? Matéria para pensar  aqui .  Aqui . E  aqui  o caso Philandro Castile. O  Daily Show  (notícias comentadas com humor) sobre o caso. Rosa Parks: 1955 Aqui .  E  aqui . Você é negro.  Ó pai., ó   3. A minoria sexual Aqui. E o julgamento de Oscar Wilde (1895) 4. As mulheres Mary Poppins (1964): a história passa-se em 1910.  A Ordem Divina (ou elogio do bom senso)  Um filme de 2017 sobre  1971 na Suíça . Um encontro de mulheres dramaturgas Mary Poppins  de novo . E  a...

Memorando

Sobre a aula de hoje: a  fotografia, os “ cadáveres sem razão”, o saltar fora (seja da caixa ou da janela), o policial, a sensibilidade artística, a imagem com mais força do que a palavra e a beleza inóspita. "I don't want anyone in or out of my family to see any part of me." O último pedido de Evely McHale desrespeitado em nome da arte. Uma imagem que (in)fere susceptibilidade.  Aqui . Alina Baldé

Herberto Helder

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Much ado about nothing (muito barulho por nada)

A eterna guerra aqui . Lamento, sem legendas.

Esta 4ª 3: discussão sobre 'Comunidade'

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A ligação para o texto está mais abaixo no blogue.  É um texto breve, corresponde a umas 8 páginas.  Que tipo de texto é? Por que motivo diz isso?  É uma história? De quê? A cama é o quê? É um texto sobre corpos ou sobre almas?  o autor é personagem? Está a ficcionar ou a «contar a verdade»?  O que tem em comum com estes poemas de Bukowski? E com este onde Charles Bukowski diz «Mas não escrevas poesias» Aqui um vídeo de 50 minutos sobre Luiz Pacheco. E aqui Bukovski em pessoa, falando sobre «o amor». Curiosamente muito parecido com este soneto de Camões. O trecho «O cachecol do artista» aqui . «O artista precisa de um cachecol. Pode ser que conheças, leitor, qualquer artista na necessidade. Não o desampares, muito especialmente nestes dias de inverno. E não conhecendo e querendo, não faças cerimónia. Manda o que quiseres. Aceitamos tudo: dinheiro, cigarros, fatiota, roupas de cama, mercearias, bacalhau, brinquedos, livros, es...